terça-feira, 5 de maio de 2009

Eu, a Patroa e as Crianças!


“Família é tudo igual”. Essa é uma expressão que tenho escutado muito nesses últimos anos! Escuto as reclamações dos jovens com respeito aos seus pais e vice e versa e percebo que não importa mesmo a posição social ou a cor ou qualquer outra coisa; as reclamações passam ser as mesmas porque os problemas são os mesmos e o ser humano é o mesmo.

Muitas vezes a gente esquece que mesmo sendo rico ou sendo pobre, o ser humano tem as mesmas necessidades de relacionamento familiar e de se sentir respeitado nesse relacionamento. O filho quer ter o respeito das pessoas da família com respeito aos seus sonhos e pensamentos. De igual forma, o pai e a mãe querem o respeito dos filhos no que diz respeito à educação deles. Parece-me que não há mais um entendimento nessas áreas. Ambos possuem motivações e desejos justos, mas não há uma conversa sobre isso na mesa do jantar ou na hora do almoço.

A conversa é substituída pelos programas de televisão e pelos “Big Brothers” da vida e as discussões são sobre quem deve sair no próximo paredão! Não sou um alienado e creio que esse tipo de conversa pode até ter em momentos de descontração, que é natural em toda família e ninguém merece ficar levando as coisas muito a sério; mas vejo que a necessidade de uma conversa mais íntima, mais próxima do que o normal seria uma grande solução para os grandes problemas atuais.

Os índices dos divórcios estão aí por toda parte para provar minha tese. Casa-se e se separa como trocamos de roupa, não há mais aquele critério de seriedade como antigamente víamos nossos avôs e avós ter. Hoje, por causa da mídia e das filosofias que imperam no meio jovem, é muito fácil começar e muito fácil terminar um relacionamento; basta ter um motivo fútil para abrir mão daquilo que Deus colocou como sendo uma das suas principais criações: a família.

Minha pergunta é: como ficam os filhos nessa jogada toda? Os pais vêem muito o lado deles somente e esquecem que há outras pessoas envolvidas na decisão de se separarem. É claro que nessas horas a conversa será levada a sério, mas não seria melhor se isso fosse levado a sério antes de acontecer o pior? Será que precisa passar por tanto sofrimento para então ter um momento enfim de diálogo? Apenas quando os interesses pessoais dos pais ou dos filhos estão ameaçados, o diálogo tem valor dentro de casa!

Ao ver as estatísticas estarrecedoras de divórcios eu fico preocupado com o que estamos fazendo com essa instituição abençoada por Deus chamada “Família”. Preocupamo-nos com tantas outras coisas e colocamos o emprego e muitas outras coisas na frente ou no lugar de nossas esposas, maridos ou filhos que acabamos plantando uma sementinha do mal dentro do casamento, que conseqüentemente acaba brotando e dando frutos amargos e vidas completamente distantes do projeto inicial de Deus.

Estou escrevendo esse artigo porque eu ainda acredito na família e vou morrer acreditando nela. Acredito que minha esposa vale muito mais que horas de serviço com a desculpa que está colocando o pão dentro de casa. Acredito que os filhos são herança do Senhor, ou seja, são propriedade do Senhor sob nossos cuidados e prestaremos conta com o Senhor se não cuidarmos bem deles. Acredito no lazer em família, na alegria compartilhada, nos sorrisos e nas piadas da vida. Acredito que a gente pode dar valor em algo antes mesmo de pensar em perdê-lo. Acredito que podemos ser melhores pais e melhores mães. Acredito que devemos ser melhores filhos e filhas para não se arrepender depois de não dar orgulho aos pais que tanto sofrem dia após dia, trabalhando de sol a sol para dar um mínimo de dignidade para essas crianças.

Sou enfático ao afirmar que a família hoje não tem mais a cara de Deus estampada em seu cartão de visita! Digo isso de uma maneira geral. Não que não tenhamos famílias bem estruturadas e que vivam bem. Não estou dizendo isso. Mas infelizmente as coisas relacionadas ao reino de Deus estão sendo colocadas em segundo, em terceiro, em quarto plano.

Olhem os jornais, leiam as revistas, assistam os telejornais e percebam como que está o nosso mundo. Pai que mata o filho por causa da droga, filho que mata o pai pelo mesmo motivo. Mães que abandonam seus bebês porque não têm a mínima condição de criá-los. Filhos que chegam ao cúmulo de perpetrar e praticar horrores com seus pais simplesmente porque eles disseram “não”. Mas acredito na mudança. Se não acreditasse, não investiria tempo escrevendo ou pregando ou fazendo qualquer outra coisa em prol da família.

Quando foram as últimas vezes que vocês foram ao cinema? Quando foi a última vez que vocês viajaram e passaram um tempo juntos se divertindo? Quando foi a última vez que tiveram um culto doméstico onde se ora e se aprende mais?

Lembro como se fosse hoje quando tínhamos o culto doméstico na casa de minha tia. Meus pais não eram convertidos ainda, mas me incentivavam a participar. Lembro da alegria que eu sentia ao ir à casa dos meus tios e ter aquele momento tão especial. Depois de um tempo, aconteceu que o culto que era doméstico passou a ser um grupo pequeno de estudo da Palavra. Que maravilha! Nesse tempo meus pais já eram convertidos e não perdiam uma reunião sequer. Até levei várias broncas da parte deles porque ia jogar bola ao invés de acompanhá-los. Até que um dia meu pai e minha mãe decidiram me disciplinar e tiveram a feliz idéia de me proibir ir jogar bola e como castigo ir à reunião com eles. Imaginem só! Além de ter sido muito bom, agora a gente pode dar risada do ocorrido.

Quantas histórias você tem para contar que a sua família estava junto? A gente tem tanta história com tanta gente e muitas vezes não temos nenhuma com nossos pais, irmãos e parentes. Quantas vezes você já se sentou à mesa e se divertiu contando as presepadas daquele tio engraçadíssimo ou se divertiu ouvindo aquela conversa fiada daquele primo “mala” que gosta de contar vantagem? Família é isso e muito mais.

Quantas vezes você se sentiu sozinho e veio aquele apoio que você jamais esperava receber? Quantas vezes você recebeu aquele carinho especial durante uma doença que ninguém entendia; até mesmo seus pais, mas mesmo assim eles estavam lá para abraçar e jamais largar? Isso é família e muito mais!

Se você hoje me dissesse: “Família é tudo igual”, eu poderia discordar de você. Família não é tudo igual. Têm suas histórias particulares, seus tesouros e seus segredos, suas manias e suas qualidades, seu jeito de lidar com as situações e seu jeito de lidar com cada membro, suas histórias e suas fábulas. Como toda família, enfrentam seus problemas de cabeça erguida, muitas das vezes erguida por outros membros. Família é tudo igual apenas no fato do ser humano ser igual em sua natureza, mas jamais igual em sua personalidade. Talvez se juntássemos as histórias daria um bom e divertidíssimo livro, que por sua vez se tornaria um filme, que por sua vez se tornaria um seriado. Bom, acho que me contento com os que a TV já nos oferece!

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