segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

O Primeiro Olhar


José não pediu para ser cego, aliás, muita coisa passou pela sua cabeça a respeito das possíveis causas de sua cegueira. A mãe, uma adolescente, ter fumado durante a gestação, a rejeição por parte do pai, um problema no parto, uma série de coisas inundava a mente de José. Desde criança ele ouvia muito a respeito das cores, das formas das coisas, dos rostos das pessoas, mas como explicar “loiro” para alguém que nem sabe o que é amarelo? Ele apenas imaginava, porque a única cor que ele conhecia era preta, e de vez em quando, um vermelho crepúsculo. Até isso ele não sabia!

O seu tato e olfato melhores do que qualquer amigo ou familiar. Sabia qual era a pessoa à sua frente tocando-lhe o rosto e, às vezes, pelo cheiro do perfume. Sua audição também muito apurada sabia reconhecer quando era o avô que falava ou quando era a mãe que chegava do trabalho. A avó cantando na cozinha fazendo nhoque e o molho de tomate era de aumentar a fome e o sossego no coração. Digamos que foi uma infância um tanto difícil, principalmente quando seus primos iam para a praia e não o chamavam, diziam que ele “dava muito trabalho”, mas José teve seus bons momentos quando no primeiro Natal em que ele passou com toda a família reunida e ele teve que adivinhar seus presentes tocando nos embrulhos. Foi inesquecível!

Na adolescência, a descoberta de um sentimento um tanto estranho. Ele estava se apaixonando por uma menina, ele se encantara com sua voz e pela sua delicadeza. Quando ela o ajudava com os afazeres da escola, ele sentia o perfume e conseguia sentir a pele daquela que tinha roubado seu coração. Mas como amar alguém que nunca viu? Os meninos do bairro o apelidaram de Zé Ceguinho, que ficou com ele até o último dia de sua vida e que ele nunca gostou de verdade. Como ela amaria ou se casaria com o “Zé Ceguinho”? A grande maioria das pessoas se achava superiores ao Zé, se não superiores tinham pena do pobre rapaz que não podia ver. Ele acaba desistindo de amar, de se abrir, mesmo que um ou dois amigos o tivessem incentivado.

Um convite inesperado aparece. Um acampamento de jovens cristãos num lugar super bacana não parece uma má idéia. Ele vai e numa noite as estrelas brilharam mais fortes e, mesmo que seus olhos de carne estivessem escurecidos, os olhos da alma se abrem e ele consegue ver o que muita gente boa de vista não vê; a face de Deus revelada em Jesus. Lágrimas caem de seus olhos e seu amor é correspondido não pelo fato de ele ser cego, mas justamente porque José conseguiu ver Deus em sua cegueira. Entendeu que o fato de ser cego não era um limite, mas uma maneira livre de pensar e criar as coisas da forma como quisesse, como Beethoven sendo surdo criava as melodias que queria.

Os anos passam e o Zé Ceguinho morre. A escuridão agora se transforma em uma forte luz. É a primeira vez que ele abre os olhos e a primeira coisa que o Zé vê é a face de um homem sorrindo, mas ele sabia que não era um homem qualquer, era o rosto Daquele que devolve a vista ao cego, era Aquele que tinha cumprido com tudo que havia prometido. Como de costume, Zé toca a face de Jesus e diz: “É verdade mesmo que nem olhos viram e nem ouvidos ouviram e nem jamais entrou em coração humano o que o Senhor tem preparado”.

A (In)Diferença Cristã


Não precisamos derrotar nossos medos, basta lutar contra eles. Não precisamos tratar o pecado e o pecador com uma pseudo justiça e uma falsa moralidade, apenas enfrente as dificuldades humanas de forma honesta e curadora. O grande problema é que não estamos dispostos a lutar por mais nada. Lutar contra o pecado é lutar por seres humanos melhores e sem máscaras. O que mais se tem é gente querendo esconder o que não deve ser escondido. É o mesmo que ir ao médico e não dizer os sintomas, ou mentir dizendo que não está sentindo nada.

A grande diferença cristã nesse mundo maluco de incoerências é não criar diferença nenhuma. O problema é que criamos um gueto onde só se entra ou só se sai seguindo alguns rituais ou dogmas produzidos ao longo da história, ou vestindo determinados tipos de roupas, ou tendo um penteado caracterizado, ou falando uma língua “evangeliquês”, tudo se resumindo a usos e costumes.

O cristão é um ser humano como qualquer outro, mas que tomou a decisão de lutar contra seus desejos ao invés de cruzar os braços e deixar que a vida o levasse para qualquer lugar ou situação. O cristão não se preocupa em ganhar ou perder, ele se preocupa em entrar na briga. A vitória é dada àquele que se dispõe a enfrentar as filosofias e os comportamentos que querem transformar o ser humano na pior das criaturas divinas, sendo que Deus quando cria o homem diz que é muito bom. Portanto, se o Criador diz que sua criação é muito boa, isso significa que um valor divino foi depositado em cada ser humano vivente na Terra. Não há uma pessoa sequer na Terra em que Deus tenha se arrependido de ter criado. A questão é que durante suas vidas, algumas criaturas se acharam no direito de seguir em frente sem a permissão e o cuidado de Deus. Deus, sendo pai bondoso e conhecedor de todos os futuros de todas as histórias, deixa ir, na esperança do retorno de seu filho ao lar.

Combater o bom combate não significa que a pessoa tenha ganhado, apenas que valeu a pena não ter desistido de lutar. É matando um leão por dia, engolindo sapo e dando meia volta onde parecia ser certo prosseguir que o cristão se converte em ser humano. E o ser humano se converte em cristão quando reconhece que só consegue lutar dessa forma através da força, da graça e da presença de Deus.

A Bíblia diz que os tímidos não herdarão o Reino. O Livro não fala da personalidade da pessoa, mas sim da covardia, da timidez diante da escolha a ser tomada. Aqueles que insistem em lutar, aqueles que não abaixam a guarda, aqueles que choram quando não encontram forças, mesmo persistindo o desejo de continuar na batalha, aqueles que de joelhos não cansam de pedir por reforço constante não serão envergonhados, ainda que tombem na terra, serão coroados na eternidade.

O cristão que quer fazer diferença siga essa simples verdade: combata o bom combate, não desista de insistir em acreditar porque Ele está a caminho. Quando Ele chegar, o tempo das batalhas se encerra e o tempo de revelar de que lado lutamos se inicia.

Além da Imaginação


Tem gente que me pergunta se eu já vi um milagre. Respondo que vejo vários a cada dia. Basta ter olhos abertos, uma mente ativa e um coração disposto a se surpreender! Muito se fala sobre fé hoje em dia, mas pouco se fala sobre a verdadeira fé, aquela que é capaz de enxergar Deus no meio de tanta bagunça que está esse mundo.

A minha abordagem é um pouco diferente e não convencional. Não estou aqui para falar de uma fé em que você determina e as coisas acontecem. Esse tipo de coisa é o mesmo que dizer ao sol onde, como e quando ele deve brilhar. Vou falar da fé em que Ele determina e as coisas acontecem! Deus o tempo todo trabalha esse tipo de fé nas pessoas, esse que é o verdadeiro estilo de fé, o real estilo de Deus agir, ou seja, através da imaginação. Por isso afirmo com todas as letras, categoricamente: sem imaginação/fé é impossível agradar a Deus. Parafraseando o versículo de Hebreus 11.

Vou usar alguns exemplos que ilustram o que estou afirmando. Moisés diante do Mar Vermelho e atrás dele o exército de Faraó. Para Moisés não tinha solução, mas para Deus tudo tem solução. Deus pergunta para Moisés o porquê que ele e o povo estavam parados; eles deveriam marchar. O Eterno determina que Moisés levante o cajado; ele o faz e o Mar se parte em dois e a galera passa com os pés secos. Moisés e Deus se entenderam nessa hora e tiveram a imaginação/fé de que o mar poderia se abrir. Ainda no deserto o povo com fome e durante quarenta anos foram alimentados por Deus através de uma comida vinda do céu que não tem tradução, mas ficou conhecida por Maná, e o povo não enjoava. Imagino que cada dia esse Maná tinha um gosto diferente a gosto do freguês.

Mas têm momentos em que nossa imaginação não bate com a imaginação de Deus. E o que fazer quando isso acontece? Tem hora que a gente acha que a nossa imaginação é mais bonita e mais perfeita que a de Deus, que os nossos sonhos são mais corretos e mais justos que os Dele, que a nossa vida estaria melhor se Ele não interferisse tanto! Mais uma vez o problema não está em Deus, e sim, na maneira como aprendemos a entender Deus. Ele tem pensamentos maiores a respeito de nós, porque os nossos pensamentos são limitados como nossa imaginação/fé é. Somente quando entramos em contato com os pensamentos de Deus; e isso através de muito atrevimento em querer experimentar Deus, é que podemos conseguir o impossível se tornar possível, o inimaginável se tornar imaginável, o irreal se tornar real, a montanha se mover de um lugar para o outro e por fim se jogar no mar.

Quando disse que vejo milagres todos os dias é porque vejo todos os dias minha esposa se levantar de manhã para trabalhar porque ela sabe que Deus vai honrar seu esforço, quando vejo uma mãe que luta contra o mundo inteiro para resgatar seu filho das drogas e, às vezes, consegue, quando vejo um pai ralando todo dia para ver seus filhos bem educados e melhores que ele em conhecimento e oportunidades, quando vejo filhos ralando de estudar porque sabem que podem encontrar e construir um futuro melhor que o presente, quando alguém lê esse artigo e pode imaginar, e ao mesmo tempo, ter a percepção real e, talvez, palpável de uma necessidade suprida, um sonho realizado e uma vida realizada.

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Palhaços, Mendigos e Falsos Profetas


Já na antiga Grécia se falava sobre essas figuras patéticas. Platão, no seu livro A República, os chamava de “mendigos e adivinhos”, gente que manipulava a fé dos gregos nos deuses para fins lucrativos, e ao mesmo tempo a própria população grega os usava para tentar ludibriar ou subornar os deuses com oferendas e sacrifícios. Creio ser de uma indelicadeza de Platão chamar gente tão mesquinha de “mendigos”. Talvez ele tenha pensado que eles estavam “mendigando” honrarias e prêmios.

O tempo passa, o mundo sofre transformações gigantescas, mas percebe-se que o homem continua o mesmo. Suas carências, necessidades e desejos estão presentes em todas as eras e impérios; e junto disso aparecem em cena os famosos aproveitadores que tentam, com algum sucesso, manipular corações atribulados com o fim de glorificar apenas um deus: eles mesmos. Há líderes religiosos na televisão e na rádio, tanto na nossa região como no nosso país e no mundo que dizem servir a Deus, mas são amantes das riquezas. Sua aliança não é com a Cruz, é com o seu e o meu bolso. Enquanto você compra as toalhinhas da cura, recebe os abraços da prosperidade, paga os horários caríssimos do canal de televisão, você é boa gente; se não, você está em pecado e muito provavelmente não tem fé e, portanto não tem a benção de Deus. Ah, faça-me o favor!

Gente desse porte Jesus chama de “falso profeta”. Tudo que eles dizem Deus não mandou dizer. Tudo o que eles profetizam Deus não profetizou. Tudo o que eles pedem Deus não pediu. Tudo o que eles manipulam Deus vai prestar contas. Outro nome dado a eles é de “sepulcros caiados”, ou seja, túmulos bonitos e bem ornamentados por fora, mas por dentro só carregam mau cheiro, carne podre e morte. Se não há vida nesses “profetas”, como podem falar sobre a vida? Como podem ensinar a viver? O que eles ensinam são morte e desesperança. Nada do que podemos fazer, dizem eles, pode acalmar o coração de Deus. Por isso a necessidade de sempre “ofertar” a Deus nosso dinheiro, posses, riquezas, coisas e nunca o coração. Para esses ladrões da alegria e da fé, o coração não basta. Entendam isso: nada do que podemos fazer, ou para mais ou para menos, fará Deus nos amar mais ou menos. Ele nos ama pelo que somos, e não pelo que podemos fazer por Ele ou para Ele. Os manipuladores existem porque tem gente que insiste em manipular a Deus.

Mas ainda restam aqueles que não seguem essa maré. São artistas, palhaços e andarilhos que não se vendem e não compram escravos. Pelo contrário, por onde passam causam um fantástico reboliço na vida da gente trazendo alegria e a experiência da verdadeira liberdade. Palhaços nos avisam todos os dias: “Como a graça de Deus nos faz felizes e seres humanos melhores”. Andarilhos nos lembram como é importante amar as pessoas e usar as coisas e não amar as coisas e usar as pessoas. Os artistas nos fazem imaginar pessoas vivendo em paz, sem disputas religiosas e de poder e nos fazem acreditar que dias melhores ainda podem vir. Esse tipo de gente Deus tem amizade e intimidade. Escutem o que eles têm pra dizer, pode ser que o próprio Deus esteja querendo aumentar o número de amigos.

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Uma Nova Utopia, Um Convite Urgente


Todo mundo um dia teve vontade de jogar tudo para o alto e recomeçar a vida, mas faltou coragem. Sentia que o casamento não ia bem, os negócios sempre na corda bamba e a gente com a corda no pescoço. O marasmo da vida, a rotina, o mesmismo, todos esses nomes nos assustam e com razão. Lemos os livros de aventuras ou assistimos aos filmes desses livros e sonhamos em ser os aventureiros, os heróis dessas histórias e no final de tudo perguntamos: “Por que isso não acontece comigo?”.

O Cristianismo verdadeiro tem uma proposta que satisfaz esse desejo de todo ser humano que é o desejo de encontrar valor na vida, mais especificamente o seu próprio valor. Mas dentro dessa verdade não se encontra valor próprio sem o outro; sempre o outro tem algo para nos acrescentar. Agora, com isso em mente, precisa-se entender que existe O Outro, ou Aquele que sem o qual não existiria nenhum outro ou nenhuma outra. Ou seja, sem a fonte de tudo o que se conhece e não se conhece nada do que foi feito seria de fato feito.

Cristo é esse Outro que não cabe apenas em idéias e conceitos religiosos. Não cabe em dogmas ou doutrinas. Cristo é revelado em pessoas à Sua imagem e semelhança. A conversão é o movimento do coração e da mente que entende que não somos donos dos nossos narizes, como se diz, mas somos cooperadores, filhos, amigos e dependentes do Outro e de outros também. Alguém que se converte começa a ter a capacidade de encontrar os atributos de Deus em todas as áreas da vida como as artes, entretenimento, esportes e tantos outros. É o início de uma percepção mais santa, mais apurada e divertida.

De fato, o novo assusta. Não estou falando de uma nova religião, mas de uma nova maneira de ver e de viver a vida. Além de assustar, o novo causa preguiça. A gente não quer mudar de vida porque do jeito que está, mesmo sendo a mais chata das situações, todo mundo está assim. Então, pra que mexer com quem está quieto? É cômodo. Mas se isso fosse verdade o racismo continuaria forte nos Estados Unidos, a ditadura e a escravidão ainda reinariam no Brasil e não teríamos nenhuma história bacana pra contar para nossos filhos e netos.

A verdadeira mensagem de Cristo é uma utopia possível. Utopia por ser considerada louca, revolucionária e impossível aos olhos do homem, mas possível porque quem realiza a revolução é Aquele que faz homens considerados poderosos demais se ajoelharem e aqueles que estão de joelhos permanecerem como estão. Ser o novo é fazer o contrário possível.

A maior contradição da história foi personificada em Cristo. Deus que se faz homem ensinando o homem a ser mais humano. E ao fazer isso, o homem de torna mais divino, portanto mais próximo de Deus e cumprindo seu papel de ser Sua imagem e semelhança.

Há duas maneiras de viver a mesma coisa: jogue tudo para o alto como um sinal de desistência e de completo desejo de anarquia e desorganização da vida ou faça a mesma coisa, mas com um desejo apaixonado de reorganizar sua vida e também como um ato sincero de reconhecimento Àquele que faz novas todas as coisas.

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Um Lugar para se Acreditar


Por que se despedir é tão difícil? A impressão que se tem é que todos os pecados são redimidos e perdoados; tudo é facilmente esquecido e as qualidades ficam mais evidentes. Dizer adeus a alguém querido não das mais fáceis tarefas que a vida nos obriga fazer, mas poucos; diria raros são aqueles que conseguem se preparar para esse momento. E para aqueles que não conseguem? E para aqueles que são surpreendidos com aquela notícia que todo mundo tem medo de ouvir e de falar? É... não é fácil dizer adeus.

O céu está reservado para aqueles que insistem em se manter na teimosia de acreditar que as coisas podem melhorar e que Deus sabe o que faz. Ainda que soe como clichê ( e eu detesto clichês), essa coisa de dizer: “Deus sabe o que faz” soa mais como um grito de esperança da alma, é algo em que ela pode se apegar, mesmo que às cegas. Pra mim, é uma declaração da mais pura fé.

Para esse tipo de gente, o céu não é mais uma esperança distante, mas um lugar real, um destino certo, a volta para o verdadeiro aconchego. Eles sabem que para chegar lá há algumas regras, algumas leis de trânsito e um caminho certo. Para o céu não tem atalhos e nem pedágios. É um caminho apertado, estreito, difícil de percorrer, mas não é um tipo de penitência ou algo que deva merecer.

O céu é um presente dado de graça sem porquês ou comos; simplesmente dado, simplesmente presenteado. Não tendo data certa para ser presenteado, para nós passa a ser um presente de desaniversário, mas para Deus é uma data para se comemorar um novo nascimento, portanto um novo aniversário. O céu é onde as aulas terminam e as férias começam, é onde os hospitais são lendas urbanas e as doenças puro folclore popular, é onde as lágrimas têm a conotação somente de alegria e onde a tristeza nem existe no dicionário. Nesse lugar mágico e real não há mais “adeus” ou “até logo”, mas sim eternos reencontros e novas descobertas.

Todo mundo quer ir para o céu, mas poucos aceitam o desafio de caminhar até lá. O céu existe assim como o inferno; ambos podem começar aqui. O único jeito de entrar lá é acreditando que esse lugar existe e que Deus o criou para você como um presente novo todo dia.

Diante de tudo isso fica a pergunta: quem na realidade está morrendo? Aqueles que já desfrutam e sabem o que significa paz ou aqueles que ainda sofrem as dores desse mundo? Insisto; o céu é para aqueles que passam a vida inteira sabendo que aqui nada mais é que uma viagem de volta pra casa.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Isso é Guerra!


Uma mãe que enterra seu filho antes da ordem natural das coisas. Um pai que rala todo dia, sua a camisa no serviço e nos ônibus, carros ou metrôs que o levam para o trabalho e no final do mês parece que o salário ri de sua cara e de seu esforço. Um filho ou filha que só queria brincar de uma forma mais perigosa. Queria subir aquela árvore mais alta, queria pular aquele muro mais alto. Mas a árvore agora se transforma numa viagem mais perigosa chamada “Droga”; o muro agora tem outro nome; é chamado de “Vício”. O que era para ser uma brincadeira de criança se torna problema de gente grande. Quando criança a gente queria ser grande, mas não dessa forma.

Os dias passam e dão a impressão que eles estão cada vez mais malignos, mais vazios, menos divertidos, menos interessantes. Já reparou que por mais que se tenham opções de programas a gente não desgruda o dedo do controle remoto da TV. Por mais que se crie atividades das mais variadas dentro da igreja as coisas parecem iguais. Por mais pessoas que tenhamos nas nossas redes sociais, a sensação é que a gente está falando sozinho.

Estamos numa guerra impiedosa; quer você queira ou não. Uma guerra pela alma desse mundo. É uma guerra entre a segunda chance da humanidade e a sua total condenação. De um lado um Homem/Deus ou Deus/Homem abre os braços e o peito para receber todos os tiros e balas perdidas em direção a cada um de nós. Do outro um príncipe caído, um anjo sem asas, a personificação do mal e seu maior significado. Ambos não desistem de seus objetivos.

Da mesma forma que Cristo não deixa de amar, o diabo não deixa de odiar. No meio disso tudo estamos nós; o alvo desse amor e desse ódio. Representamos o melhor de Deus, a obra prima do Eterno, a Mona Lisa, o teto da Capela Sistina, o jardim suspenso, as pirâmides, tudo o que é belo e de melhor, toda perfeição na relação Criador/criatura foi detalhadamente planejado e sonhado.

Mas também toda destruição e morte, todo desejo maldoso, toda mancha na pintura, todo defeito de fabricação encontrou lugar no nosso coração. Optamos por uma única fruta quando tínhamos todos os pomares do mundo. Preferimos a comida mofada e embolorada quando podíamos repetir todos os pratos e todos os sabores.

A guerra não está perdida. Somos como soldados feridos às portas da Grande Conquista. Os ferimentos doem e entram cada vez mais fundo na carne, mas Aquele que cura todas as feridas e enxuga todas as lágrimas está chegando. Aquele que faz coxos andar e cegos enxergar vem com paixão e fúria trazendo em suas mãos as nossas coroas.

Convoco todos os príncipes e princesas do Reino Celestial, todos os reis e rainhas do Céu a tomarem seus lugares ao lado do exército do Senhor dos Exércitos, a ficarem firmes em suas posições, a não desistirem de seus sonhos e de sua fé, porque Ele está chegando e não demora. Pois lembrem-se: ainda estamos em guerra!

domingo, 6 de novembro de 2011

Entre Prostíbulos e Enfermarias!


G.K. Chesterton, conhecido pensador e escritor britânico católico disse a seguinte frase: "Todo homem que bate na porta de um bordel está a procura de Deus". Confesso que fiquei petrificado diante de tal afirmação. Verdade! Fui tomado por um entendimento que não havia pensado antes. E isso me levou a escrever esse texto que é fruto apenas de uma reflexão diante da hipocrisia que a gente tem vivido.

Se você imaginar um prostíbulo conseguirá imaginar várias cenas acontecendo ao mesmo tempo. Talvez alguns nunca estiveram em um, mas conseguem através de conversas, depoimentos, fotos, filmes levantarem um esquema parecido. Imagine que nesse lugar estão todo tipo de gente com todo tipo de educação, posse e história. Agora saiba você que nesse lugar nada se consegue de graça, nada é gratuito. Um beijo, um abraço, um aperto de mão ou uma salada mista é pago. O entrar no ambiente tem um custo. A alegria de uma companhia, o prazer de um momento íntimo; tudo tem seu preço, mas nada ali é verdadeiro, é tudo mentira. O prazer, a alegria, a companhia, os elogios, os tapinhas nas costas; tudo é uma linda e efêmera ilusão.

As pessoas batem nas portas dos prostíbulos e bordeis porque ali, mesmo que sejam mentira, todos os sentimentos experimentados, todas as confissões, todas as histórias passam a ser verdade, porque é justamente o que todo ser humano quer; atenção, gentileza, compreensão, uma demonstração de carinho, ainda que seja falsa!

Mas na enfermaria não. Ali o sentimento é verdadeiro, é de cuidado. Ali todo mundo sabe a doença de todo mundo e ninguém se sente maior ou menor por causa disso. Nesse ambiente não é necessário mentir, usar máscaras, maquiagem para esconder as marcas e as cicatrizes, aliás, não se pode mentir porque senão a cura é inviável, o tratamento se torna inútil. Nada se faz nesse lugar apenas por dinheiro, mas por vocação. Lá as pessoas não produtos a serem analisados e consumidos; são seres humanos com suas fraquezas, doenças e dificuldades. Não precisam ser perfeitos e nem fingir qualquer postura de alguém impecável. Estão ali em busca da perfeição, estão ali reconhecendo a limitação, mas não se ajoelham perante ela. Lutam e lutam até o fim, porque o que importa não é se vão vencer ou perder, mas sim que não vão se entregar como aquele que luta o bom combate.

Convido a todos a saírem dos prostíbulos que estão vivendo, das maquiagens e cascas que estão impedindo a vida de lhes enxergarem e lhes reconhecerem como seres humanos que estão em busca de alegria, mas verdadeira; de paz, mas verdadeira; de companhia, mas verdadeira; de amizade, mas verdadeira!

Na enfermaria tem gente imperfeita. É como no Instituto do Dr. Hunter “Patch” Adams no estado de West Virginia nos Estados Unidos chamado “Gesundheit”, que do alemão significa “Saúde”, e que também pode ser usado quando alguém espirra. Lá todo mundo é paciente e doutor. Todos tratam e são tratados. Se não acreditarmos nisso e não aceitarmos o desafio de viver como uma enfermaria, onde a verdade vale mais que o bem estar mentiroso, continuaremos sofrendo calados e ninguém vai poder ouvir a nossa voz.

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Um Dia A Gente Aprende!



A gente nunca sabe como ganhar; e a gente gosta quando ganha; mas a gente nunca vai saber como perder. Perder dói, perder humilha; quando a gente perde é o mesmo sofrimento quando alguém rouba algo de nós, fica uma mistira de revolta com impotência com indignação; é uma mistura violenta.



Quando a gente perde alguém muito querido fica uma sensação de vazio que com o tempo vai se tornando cada vez mais visível. A cadeira vazia no almoço, o quarto vazio, um amontoado de roupas vazias, sem gente para vestí-las. E aquele abraço que não foi dado? A despedida que não aconteceu? Que direito essas pessoas tinham de morrer sem ao menos nos deixar preparados? Queremos e nos preparamos para ganhar. Engraçado, nunca estamos preparados para perder.



Tem dias que eu queria ter uns poderes miraculosos, do tipo que curaria pessoas doentes, faria gente paralítica andar e cegos enxergarem, facilmente diria para um morto sair do caixão e voltar à vida. Mas não tenho esse poder, não tenho essa facilidade que apenas uma pessoa no mundo tem; Deus! E por que Ele não cura? Por que Ele não ressuscita? Por que Ele não tira a dor como se tira uma unha encravada? Há situações em que Ele cura, mas não todas as vezes. A Bíblia diz que Ele não faz acepção de pessoas, mas Ele cura um e não cura o outro. Como assim?



Existem pessoas especiais aqui nessa Terra, não sei se você já percebeu? Essas pessoas têm uma sensibilidade e uma habilidade incrível que é de não perder a esperança! A vida os sacode de uma forma violenta e eles continuam em pé! Deus diz não para elas e mesmo assim continuam crendo que essa resposta é a melhor de todas, mesmo não sendo aquela que elas querem ouvir! É incrível! E quando você é surpreendido com alguma tragédia, é só olhar nos olhos dessas pessoas e uma força sobrenatural, quase divina invade seu coração e dá vontade de continuar tentando até a dor passar! E ela passa!



Mas você percebe de onde essas pessoas tiram suas forças e esperança. Não é de nenhuma filosofia existencial, não é de nenhuma fórmula mágica ou de um livro de segredos. Essa força, esse poder, essa vontade de viver vem de uma fé que não se explica, mas se experimenta todo dia na batalha contra os leões e os gigantes. o importante não é se os leões serão mortos ou os gigantes derrubados, mas sim o fato de que jamais essas pessoas desistem de lutar, mesmo que dê vontade de parar!



O importante não é se a gente ganha ou perde, mas se a gente insiste em lutar ou não! O luto um dia bate na nossa porta, e aí? Um dia a doença nos surpreende, e aí? Uma dia a gente perde, e aí? É aí que a gente mostra em quem a gente acredita, se no "Não" que o mundo diz ou no "Continue, estou com você" de Deus. Mesmo que pareça que Ele não está nem aí para os seus sentimentos, Ele se preocupa! Existem derrotas que nos assombram a vida toda, mas isso não significa que a guerra está perdida. Mesmo caminhando em dor, somos mais que vencedores.

terça-feira, 6 de setembro de 2011

SALMO 136 - Versão Brasileira



1 - Ainda que eu fique parado na fila de um hospital, e não tenha mais nada a perder senão a esperança; a Sua misericórdia dura para sempre.



2 - Ainda que mais Realengos insistam em acontecer; a Sua misericórdia dura para sempre.



3 - Ainda que, pela irresponsabilidade de governantes egoístas, aconteçam mais espisódioas de descaso como do Morro do Bumba, Petrópolis, Teresópolis, e tantas outras cidades brasileiras; a Sua misericórdia dura para sempre.



4 - Ainda que a família do ex-governador Joaquim Roriz nos envergonhe chamando a si mesmos de brasileiros; a Sua misericórdia dura para sempre.



5 - Ainda que Paulo Maluf seja procurado pela InterPol, roubado mais dinheiro público que qualquer assaltante profissional, esteja livre amparado pelas leis brasileiras e tenha 80 anos de idade; a Sua misericórdia dura para sempre.



6 - Ainda que garotos e garotas homossexuais sejam violentados todos os dias e seus direitos como cidadãos esquecidos; a Sua misericórdia dura para sempre.



7 - Ainda que bandidos disfarçados de pastores se orgulhem de expor suas mansões e inúmeros bens materiais comprados com dinheiro suado de seus fiéis, e ainda abusam de seus membros dizendo coisas que Deus jamais disse; a Sua misericórdia dura para sempre.



8 - Ainda que o Congresso Nacional seja mais um antro de picaretagem, safadeza e corrupção, manchando assim um dos patrimônios da nossa democracia; a Sua misericórdia dura para sempre.



9 - Ainda que prostitutas, moradores de rua, travestis, crianças abandonadas e movidas a cola sejam constantemente violentadas pela nossa falsa moral; a Sua misericórdia dura para sempre.



10 - Ainda que enterremos nossos jovens, mortos pelo descaso público e pelo abuso de autoridade das polícias; a Sua misericórdia dura para sempre.



11 - Mesmo que nossos filhos e filhas sejam vendidos a preço banal para engordar os bolsos de quem já perdeu a vergonha na cara; a Sua misericórdia dura para sempre.



12 - Mesmo que o usuário de drogas ainda seja confundido erroneamene com bandidos; a Sua misericórdia dura para sempre.



13 - Mesmo que nossas orações por melhoria pareçam não passar do teto; a Sua misericórdia dura para sempre.



14 - Mesmo que percamos a fé em Deus, no Brasil, nas pessoas, nas instituições; a Sua misericórdia dura para sempre.



O Salmo 136 tem muito mais versículos (26 versículos, para ser mais exato), mas esse é apenas um desabafo de quem ainda luta pela verdade e acredita que pode melhorar porque a Sua misericórdia, bondade, amor duram para sempre.

terça-feira, 26 de abril de 2011

quarta-feira, 2 de março de 2011

15 Anos sem Mamonas Assassinas!


Há exatos 15 anos perdemos uma banda que chocou e causou grande admiração na população brasileira com seu ritmo alegre, descontraído e muito legal! Estou falando dos Mamonas Assassinas!

Seus integrantes, Dinho, Bento, Sérgio, Júlio e Samuel, arrebataram fãs e criaram canções quase que brincando! O bom humor era a marca dessa rapaziada nova que de maneira precoce perde a vida em um acidente de avião. Fica a saudade de quem ria e relaxava ouvindo músicas como "Pelados em Santos", "Robocop Gay" e outras.

Eu me lembro de quando os Mamonas morreram! Era num domingo de manhã e eu estava na igreja, como de costume, e ouvi alguém falar de um acidente de avião com uma banda famosa! Ouvi também aqueles comentários imbecis que diziam que os Mamonas ardiam no fogo do inferno, como se aquelas pessoas tinham o poder de enviá-los para lá! Graças ao bom Deus que elas não têm!

Fiquei chocado com a notícia, porque eram jovens demais, bacanas demais, legais demais e agora dava a impressão que as músicas não tinham mais graça, só acordes! Os músicos não tinham mais emoção, só técnica. É, naquela madrugada do dia primeiro de março para o segundo do ano de 1996 o meu mundo musical e o de muita gente ficou mais chato, mais sério, mais triste!