sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Topa Tudo Por Dinheiro!


Sempre tive uma enorme dificuldade de falar sobre dinheiro. Até porque é uma dificuldade minha de controlar os impulsos consumistas que existe dentro de mim, especialmente em lojas especializadas em DVDs e ternos. Mas não consigo mais resistir diante de tanta besteira que tem se falado e tanto descaso que se tem nesse assunto.

Há tanta gente devendo, há tanta gente perdida em dívidas e ainda assim querem viver de aparências. Querem mostrar no seu discurso uma vida que não tem; uma vida que não existe. Tudo porque o que vale não é a pessoa ser o que é, mas sim aparentar ter o que precisa se ter para garantir um status fajuto em um mundo que valoriza muito mais a marca da cueca ou da calcinha, mas não a essência do ser humano que ali está.

Nas igrejas nem se fala. O dízimo é a credencial de quem pode mais, de quem pode falar mais alto. Não é necessário ser salvo, basta ser dizimista, até porque todo salvo é dizimista. Realmente é desprezível o que se tem ensinado na televisão, as formas de pedir novecentos reais em troca da benção financeira. Engraçado, nunca vi isso acontecer em nenhum momento na Bíblia Deus usando a numerologia como forma de angariar recursos para a construção de seu templo, e muito menos na manutenção de seus servos e ministros.

No Velho Testamento, o dízimo era a primícia de tudo o que tinha sido plantado, de tudo o que se havia criado. Ofereciam-se as melhores ovelhas, as melhores aves, os melhores legumes e verduras, era uma atitude de gratidão, sem absolutamente barganhar nada com Deus, mas sim agradecê-Lo por mais uma boa colheita. Quando Davi convocou o povo a oferecer o melhor para Deus, ele mesmo não usou do discurso da troca; ele simplesmente doou, ofereceu a Deus o melhor porque Deus merece o melhor. E muita gente ali não tinha as posses de Davi, mas deram o seu melhor, porque o melhor não está nas posses, está no coração grato a Deus.

Agora se julga o indivíduo, e muitos indivíduos acabam se julgando assim, baseado na sua conta bancária. É uma segregação monetária travestida de teologia da prosperidade, que tanto uma quanto a outra são demoníacas e afetam a humanidade de uma forma tão violenta que gastamos além das nossas posses para mostrar ter o que não podemos; mostrar ser o que de fato não somos, e fingirmos uma prosperidade que nunca aconteceu de fato. A prosperidade verdadeira acontece no coração e não no bolso.

A barganha só funciona quando se tem dois lados. Um lado que oferece e outro lado que aceita, portanto, na minha interpretação, o pecado não está só no pastor/empresário, mas também está no membro/barganhador. Ambos estão em busca de algo terreno quando a Bíblia sempre apontou para as coisas lá do alto, infinitamente superiores e prósperas comparadas com as daqui.
A prosperidade oferecida nada mais é que uma mentira e faz com que pessoas sinceras, amantes da verdade, deixem-se infectar por parasitas camuflados de guias espirituais, alguns até bastante convincentes, e façam com que muitos entrem numa roda gigante de frustrações e de violentas decepções onde se culpa Deus e não o mentiroso de terno.

Quem sabe poderemos chegar um dia onde teremos dízimos como formas de gratidão e não de troca. Quem sabe um dia poderá assistir à televisão e não vermos mais esses aproveitadores camuflados de pastores. Quem sabe tudo não passe de uma pegadinha de mau gosto e a gente acabe descobrindo que estamos participando do programa Topa Tudo Por Dinheiro, em nome e para a glória de Deus, é claro!

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