quarta-feira, 21 de outubro de 2009

O Divino e o Humano!


De repente me vi numa das situações mais assustadoras de toda minha vida. Pessoas me vendo e a exposição de algo que alguns sabiam que era verdade, mas nem tanto, trouxe um sentimento de impotência total. Em poucos minutos, fui de um ponto da vida onde as coisas pareciam ser controláveis a outro ponto onde toda minha humanidade foi colocada à luz, diante de pessoas que estavam tão perdidas quanto eu.

O simples fato de um pastor ou qualquer líder religioso ser um “doente”, estar na categoria de impotência sentimental ou fazer parte daqueles que são considerados “inabilitados” para uma função religiosa na mente de algumas pessoas, por mais absurda que essa idéia possa ser; que tem em sua interpretação de que os homens de fé jamais serão atingidos, até porque são cabeças e não caldas.

O discurso que é pregado e apregoado hoje nas igrejas de uma forma geral é que nosso alvo é uma divindade totalmente destituída do humano. O maior exemplo contra esse idéia é o próprio Cristo que nos ensina que é possível sermos humanos e, ainda que sejamos encharcados com o pecado, termos a imagem e semelhança do nosso Criador coexistindo em nós.

Quando percebi que posso ser frágil sem perder a minha fé, quando percebi que posso tropeçar na caminhada e ao mesmo tempo saber que tem Alguém que me ajuda a levantar, percebi que a fé cristã não é feita de deuses olímpicos, mas de humanos reais iguais a mim e a você. Por conta desse discurso triunfalista das nossas igrejas, pastores e líderes de qualquer departamento, presbíteros e diáconos sofrem por não poderem pedir ajuda no lugar onde toda ajuda deveria ser encontrada. O medo de ser taxado de “ser cego por causa do pecado” incomoda tanta gente que simplesmente nos calamos e sofremos calados esperando o milagre divino que pode acontecer no abrir das nossas bocas e ao confessar que daqui pra frente não dá pra prosseguir sozinho.

Não fomos criados para sermos sozinhos. Não fomos criados para sermos discretos demais com nossos sentimentos. Não fomos criados para sermos transformados dia após dia numa aberração robótica onde tudo pode ser explicadinho nos seus mínimos detalhes. Fomos criados para sermos seres humanos e termos um relacionamento íntimo com nosso Pai. Humanos, porque temos sentimentos, temos poder de escolha, temos a possibilidade do erro e a benção do acerto. Mas não acertamos sozinhos, mas podemos errar sozinhos. Andando juntos e compreendendo as dificuldades dos outros, não sendo indiferentes com as dores e tensões dos outros, podemos ser um exército que não deixa ninguém para trás no campo de batalha, mesmo ferido.

O conflito entre o divino e o humano resume-se na cruz, onde Deus se sacrifica para que a humanidade saiba ser mais humana e pare de querer ser divino demais. O último que quis ser Deus nem no céu está e nem pra lá vai. Prefiro caminhar na minha humanidade e saber que a redenção final me espera de braços abertos.

2 comentários:

Unknown disse...

gostei do texto e do novo visual do blog

Unknown disse...

gostei do texto e do novo visual do blog. Saudade de vc amigão, como anda as coisas?
Abraço,
Zilão