quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Brindes ou Abóboras!


Tem uma cena que me comove muito na série de filmes baseado nos livros de J.R.R. Tolkien intitulados “O Senhor dos Anéis”. No terceiro e último filme chamado “O Retorno do Rei” tem um momento em que os heróis da trama, depois de terem sido os diretos responsáveis pela salvação do mundo, voltam pra casa. Estão numa taverna da vila e os quatros pequenos heróis estão brindando a amizade, mas totalmente anônimos desconsiderados. A grande atenção na taverna era na verdade uma abóbora gigante que acabara de ser colhida.

Toda a atenção estava para essa abóbora. Ela não tinha feito nada de tão especial, apesar do seu tamanho. Os habitantes da vila acariciavam, limpavam, beijavam a abóbora, mas na mesa ao lado, os quatros salvadores do mundo estavam sozinhos; aliás, tinham em comum a amizade e a companhia. Não foram recebidos com aplausos e acredito que os moradores nem tomaram conhecimento do que aquelas pequenas criaturas, seus semelhantes, tinham acabado de realizar.
Vejo que temos um pouco disso na nossa vida cristã. Nós queremos ser essa abóbora gigante. Queremos ser reconhecidos e desejamos ouvir elogios que massageiem nosso ego. Poucos desejam ser anônimos, poucos reconhecem que nada desse mundo permanece para sempre, nada desse mundo pertence a nós, nem mesmo o corpo, poucos querem apenas brindar, sabendo que a recompensa vem, mas não agora.

Às vezes me sinto meio que perdido nesse mundo. Há tantas pessoas na busca do seu lugar ao sol e não conseguem. Há tantos que buscam apenas um elogio dos seus pais, amigos, do seu pastor, mas se esquecem que isso são apenas carinhos e beijos em abóboras, que logo mais não vão passar de meras lembranças, isso se lembrarem. Não estou dizendo que elogios são ruins, só estou dizendo que não devemos nossa vida a eles, aliás, não devemos nada a eles.

Sou tentado constantemente em me transformar numa abóbora gigante, numa aberração, talvez assim alguém me note. Mas sempre sou lembrado que não preciso disso, não fui feito para isso, não sou isso.

Fui feito para brindar, fui criado para entender que mesmo que os meus não me aceitem do jeito que sou, existe alguém que quer que eu abra a porta do meu coração e deseja brindar comigo e eu com Ele, mesmo que ninguém tenha tomado conhecimento. O mundo sabe honrar e pisotear ao mesmo tempo, sabe reconhecer o tamanho de uma abóbora gigante e depois usar isso como objeto de humilhação. Mas na mesa do brinde não há lugar para isso, ali somos todos iguais, somos vitoriosos porque Ele venceu primeiro.

Na mesa do brinde não lugar para maior ou menor, não há disputa para saber quem é mais sábio, mais poderoso, mais líder; há espaço apenas para servos, gente que sabe que é especial, mas não precisa contar pra ninguém, porque quem merece saber já sabe antes mesmo de haver abóboras gigantes.

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