terça-feira, 16 de março de 2010

Adestrador de Borboletas!


Conheci uma lagarta que me disse que não estava muito feliz com sua vida. Estava cansada de ser expulsa de todos os lugares por onde passava, cansada de ser julgada pela sua aparência, cansada de ser ridicularizada por sonhar que um dia poderia se tornar alguém! A lagarta me disse que não tinha muitos amigos. Na verdade, amigo mesmo não tinha nenhum, porque todas as vezes que ela convidava alguém para sair sempre tinham alguma desculpa, algum imprevisto, algum compromisso de última hora.

Isso sem contar as vezes que ela cometia algum erro. Muitas vezes sofria calada, sozinha em algum galho de árvore seco. Ninguém entendia que até as lagartas podiam errar, cometer alguns pecados, destruir algumas folhas, ninguém entendia que ela na verdade estava se alimentando e não destruindo.

Certa feita a lagarta se encontrou com uma borboleta. Encantou-se à primeira vista. Que coisa linda! Asas enormes e coloridas, uns tons misturados jamais imaginados. E que movimentos mágicos, quase hipnotizantes, indo de flor em flor, voando e apaixonando quem quer que a veja! Daquele dia em diante a lagarta teimou que queria ser como aquela borboleta.

Mas ao olhar para si percebeu que não tinha aquele lindo par de asas coloridos, também percebeu que seu corpo era pesado demais; na verdade, ela nunca havia gostado mesmo daquele corpo! Mas teimosa como qualquer lagarta que se preze foi atrás de seu sonho. Começou sua busca nas redondezas do bosque onde morava, mas ninguém lhe dava ouvidos. Ao invés de atenção, a lagarta só ouvia gargalhada e palavras de escracho. Muitos animais chegaram a humilhar e a caçoar do sonho da lagarta!

Diante de tantas negativas ela partiu em busca de respostas. Podemos dizer que foi uma caminhada solitária, que às vezes era brindada com algumas companhias, só pra dar um pouco mais de graça. Do bosque onde morava, a lagarta teve que passar pelo Pântano do Desespero, pelo Deserto do Pânico e finalmente pelo Monte da Caveira. Cansada de tanto procurar, sem esperança e já tentando inventar desculpas para os seus gozadores decidiu descansar em um jardim ali próximo.

A tristeza era tanta que ela pensou em acabar com sua própria vida. Não havia mais sentido, não havia mais razão de viver. Era uma lagarta ridicularizada, humilhada e sem amigos que a entendesse. Por essa razão, ela teve uma idéia. Ele se entregaria de vez para morrer, desistiria de verdade e para isso, teceu ao redor dela uma tumba. Ali seria seu descanso eterno, longe de todos; ninguém iria ligar mesmo! Todos só se lembrariam dela como aquela lagarta comedora de folhas, desastrada e feia! Feita a tumba, esperou pela morte! No entanto, como a morte não chegava, veio um sono muito profundo que durou por algum tempo!

Numa certa manhã, a lagarta acorda. Sente-se diferente. Percebe que a tumba está apertada, portanto já não era seu lugar! Tanto aperto fez a tumba se romper e de dentro dela não sai uma lagarta, mas uma borboleta! As cores de suas asas eram lindas, do jeito que sempre sonhou. Ao olhar para o céu, não teve dúvidas, estava na hora de voltar para casa!

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