domingo, 6 de novembro de 2011

Entre Prostíbulos e Enfermarias!


G.K. Chesterton, conhecido pensador e escritor britânico católico disse a seguinte frase: "Todo homem que bate na porta de um bordel está a procura de Deus". Confesso que fiquei petrificado diante de tal afirmação. Verdade! Fui tomado por um entendimento que não havia pensado antes. E isso me levou a escrever esse texto que é fruto apenas de uma reflexão diante da hipocrisia que a gente tem vivido.

Se você imaginar um prostíbulo conseguirá imaginar várias cenas acontecendo ao mesmo tempo. Talvez alguns nunca estiveram em um, mas conseguem através de conversas, depoimentos, fotos, filmes levantarem um esquema parecido. Imagine que nesse lugar estão todo tipo de gente com todo tipo de educação, posse e história. Agora saiba você que nesse lugar nada se consegue de graça, nada é gratuito. Um beijo, um abraço, um aperto de mão ou uma salada mista é pago. O entrar no ambiente tem um custo. A alegria de uma companhia, o prazer de um momento íntimo; tudo tem seu preço, mas nada ali é verdadeiro, é tudo mentira. O prazer, a alegria, a companhia, os elogios, os tapinhas nas costas; tudo é uma linda e efêmera ilusão.

As pessoas batem nas portas dos prostíbulos e bordeis porque ali, mesmo que sejam mentira, todos os sentimentos experimentados, todas as confissões, todas as histórias passam a ser verdade, porque é justamente o que todo ser humano quer; atenção, gentileza, compreensão, uma demonstração de carinho, ainda que seja falsa!

Mas na enfermaria não. Ali o sentimento é verdadeiro, é de cuidado. Ali todo mundo sabe a doença de todo mundo e ninguém se sente maior ou menor por causa disso. Nesse ambiente não é necessário mentir, usar máscaras, maquiagem para esconder as marcas e as cicatrizes, aliás, não se pode mentir porque senão a cura é inviável, o tratamento se torna inútil. Nada se faz nesse lugar apenas por dinheiro, mas por vocação. Lá as pessoas não produtos a serem analisados e consumidos; são seres humanos com suas fraquezas, doenças e dificuldades. Não precisam ser perfeitos e nem fingir qualquer postura de alguém impecável. Estão ali em busca da perfeição, estão ali reconhecendo a limitação, mas não se ajoelham perante ela. Lutam e lutam até o fim, porque o que importa não é se vão vencer ou perder, mas sim que não vão se entregar como aquele que luta o bom combate.

Convido a todos a saírem dos prostíbulos que estão vivendo, das maquiagens e cascas que estão impedindo a vida de lhes enxergarem e lhes reconhecerem como seres humanos que estão em busca de alegria, mas verdadeira; de paz, mas verdadeira; de companhia, mas verdadeira; de amizade, mas verdadeira!

Na enfermaria tem gente imperfeita. É como no Instituto do Dr. Hunter “Patch” Adams no estado de West Virginia nos Estados Unidos chamado “Gesundheit”, que do alemão significa “Saúde”, e que também pode ser usado quando alguém espirra. Lá todo mundo é paciente e doutor. Todos tratam e são tratados. Se não acreditarmos nisso e não aceitarmos o desafio de viver como uma enfermaria, onde a verdade vale mais que o bem estar mentiroso, continuaremos sofrendo calados e ninguém vai poder ouvir a nossa voz.

3 comentários:

xu disse...

Cris, muito bom o texto, muito bem escrito. Parabéns! =)

Anônimo disse...

Belíssimo texto.
O caminho para encontrar paz interior é demorado, paciencioso e sem luxuria. O homem que escolhe prostíbulos ou tudo que se assemelha, infelizmente não vê outra saída senão a doce ilusão das falsas companhias, a “efêmera ilusão” como você citou.
Quando você relata sobre a enfermaria que ninguém pode mentir senão a cura não terá, concordo. Mas destes homens, quem vai olhar para si e viver em verdade? Preferem o prostíbulo porque lá seus erros são “aceitáveis”. Tem medo de encarar a realidade, aceitar o problema e vergonha do que seria o padrão correto de viver em sociedade (bem estar mentiroso).
Mudar e se corrigir são poucos. Vejo o seguinte Cris: O caminho da enfermaria pode estar a sua frente, mas sem a família você não vai dar um passo. E o homem que se perde em prostíbulos, a família abandona, já abandonou. Não adianta apenas mostrarmos aos homens perdidos o caminho de Deus, é necessário procurar a família.
Conheço um homem, de idade avançada, que hoje beija sua esposa de olhos “fechados”(a beija com remorso) por tê-la causado tanta dor. Um homem que freqüentou prostíbulos, mas logo encontrou o verdadeiro caminho, pois sua esposa, firme, o esperava com seus filhos. Esta mulher intercedeu, amou e acreditou na fé, na esperança e bebia vinho quando o que estava tomando era vinagre. Lembra da história Pegadas na Areia? Ela conta que num determinado momento, Deus não existia mais para o homem, mas a sua fé foi tamanha que ela carregou seu marido, porque Deus estava carregando-a.
Parabéns por seus texto. Fez-me refletir muito. Patrícia Magurno

Binho disse...

O que eu mais gosto e sou a favor sempre, é de pegar exemplos, de onde menos esperávamos pegar... basta olhar a vida, as situações e histórias de uma ótica piedosa e cristã. E é isso que você sempre faz meu amigo, pena poucos entenderem....

by Binho