quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Quando a Decepção Fala Mais Alto!



Todo tipo de pessoas nos decepcionam. Não espere passar por essa vida sem experimentar esse sentimento que abre feridas tão profundas que demoram cicatrizar. Às vezes, essas feridas nem cicatrizam; às vezes elas ficam abertas até demais para serem tratadas. E é aqui que surge um dos grandes paradoxos do tratamento das decepções; quanto mais a ferida está aberta, mais urgente é seu tratamento e é quando não queremos nenhum tratamento! Queremos ficar a sós com nossa dor, com nosso questionamento, com nossa dúvida! Confesso que esse é um dos temas mais dolorido pra mim.


Nossos pais nos decepcionam, nossos amigos, nossos parentes, nossos pastores, nossos líderes, nossos ídolos, todos, sem dúvida, vão nos decepcionar. Parece uma visão pessimista, quase um eco do pensamento de Schopenhauer, mas infelizmente é verdade. E como é dolorido quando a gente descobre que aqueles que a gente ama acaba sendo aqueles que nos ferem. O que mais doeu no imperador romano Julius César não foram as inúmeras facadas que ele tomou, mas o fato de Brutus, a quem amava e estimava como a um filho, ser um dos seus assassinos.


Agora quando apontamos a flecha na direção oposta, ou seja, para nós, percebemos que também somos os algozes de algumas pessoas que colocaram a maioria, senão todas, as suas fichas em nós! Quando descobrimos que magoamos sem perceber a profundidade do machucado, achamos que somos os mais miseráveis de todos os homens! Nossa alma adoece e dá a impressão de que a idéia de se cogitar um pedido de perdão não passa de uma utopia, pois quem poderia perdoar aquele que causou tanta dor?


Cristo foi abandonado pelos seus nos momentos mais delicados e, talvez, nos Seus momentos mais doloridos. As ovelhas do aprisco de Jesus simplesmente o negaram, outros silenciaram diante de tamanha injustiça, outros se trancafiaram em quartos escuros, afinal de contas estavam atrás dos seguidores de Jesus. A Bíblia não menciona, mas acredito que Cristo não teve nem a companhia de seus irmãos durante as sessões de tortura. O homem-Deus que flui amor estava em silêncio, “como uma ovelha diante dos seus tosquiadores”.


O silêncio emudece as vozes que nos apertam o coração! Jesus em nenhum momento revidou as palavras, os murros, os cuspes e os chutes. Curou a orelha de quem estava lá para prendê-lO, revelou Sua identidade de Rei para quem iria entregá-lO para ser crucificado lavando as mãos, intercedeu por aqueles que O zombavam pedindo perdão para eles, e por fim derrama sua vida diante de Deus consumando toda a dívida entre humanidade e Deus. Não há mais culpa, dor, decepção quando olhamos para a cruz encharcada de sangue inocente!


Nesses momentos de decepção, ofenda quem te magoou com o amor! Brigue com quem te feriu com o peito aberto e os braços estendidos. E também busque a solitude na presença do “Homem de dores, que sabe o que é padecer”! Sempre lembre que estamos sujeitos a decepcionar e ficarmos decepcionados; ambos encontram cura e alívio nas santas mãos que ainda carregam as marcas do nosso perdão!

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