terça-feira, 24 de março de 2009

Voltei a Acreditar em Papai Noel


Tive uma grande decepção na minha infância quando aos nove ou dez anos descobri que o Papai Noel de todos os natais da minha família era um amigo do meu pai. Vi o dito cujo trocando de roupa na parte de trás da minha casa. Gritei, chorei e quase que bati no rapaz pensando que ele tinha roubado a roupa do Papai Noel para enganar a mim e aos meus primos. Depois acabei descobrindo também que não era o Papai Noel que colocava os presentes debaixo da árvore de Natal, eram os meus pais que fingiam e mentiam para mim. Que tristeza, que vergonha! Agora o Natal não tinha mais graça nenhuma, a não ser quando ganhava os presentes.

É claro que toda aquela conversa de que o sentido do Natal é Jesus estava no meu coração e eu sabia que o Natal não só significava presentes e comer aquele peru assado. Eu sabia de tudo isso, mas o Papai Noel era como se ele viesse como um enviado de Deus. Se Papai Noel não existe, tampouco Deus existe e tampouco Jesus nasceu. Mas fui crescendo e fui entendendo algumas coisas e vi que Deus existe independentemente de eu acreditar n’Ele ou não, e entendi que Jesus de fato nasceu, e também entendi sobre a graça desse Deus que se revela nessas coisas infantis e quase que ridículas. Quando entendi isso foi uma sensação de felicidade com nostalgia e voltei a acreditar nessas coisinhas ridículas que dão graça e esperança à vida da gente.

Que maravilhosa loucura! Gente, tenho 27 anos de idade, sou casado, pastor presbiteriano e digo pra quem quiser ouvir: “Eu voltei a acreditar em Papai Noel”. Não sei se vão me caçar (até seria uma experiência muito xiita e quase que terrorista), ou se vão me levar na brincadeira, ou até se vão me levar a sério, pelo menos dessa vez. Mas gostaria que entendessem o porquê dessa mudança de opinião na altura do campeonato.

Ao olhar para o nosso mundo e para tudo que tem acontecido, vejo que a humanidade não acredita em mais nada, nem mesmo em Deus. Acreditar no Papai Noel não é substituir o senhorio do nosso Salvador Jesus, nem mesmo era pretensão de quem criou essa figura mágica colocar Jesus como servo de Noel. Na verdade, podemos acreditar que esse bom velhinho nada mais é que mais um servo de nosso Rei, como sugeriu C.S. Lewis em seu livro “As Crônicas de Nárnia: O Leão, a Feiticeira e o Guarda Roupa”. Papai Noel é mais uma manifestação da graça de Deus nesse mundo louco e descontrolado.

Observe o olhar das crianças quando aquele velhinho de roupa vermelha aparece em suas casas ou na televisão. Chega a brilhar de esperança de que o ano que vem as coisas vão dar certo, tudo pode mudar porque o Papai Noel apareceu a mando do menino Jesus.

Povo querido de Deus, a vida deve ser temperada por nós como sal da Terra e deve ser aquela iluminada através da frestinha da janela ou do telhado. A gente leva muita coisa a sério e dá muita coisa para o Diabo que não é dele. Tudo é de Deus e se pertencemos a Deus, portanto, tudo é nosso e para o nosso bom uso.

É claro que exageros acontecem, mas tudo por falta de conhecimento e de explicações. É mais fácil dar ao Diabo do que explicar como as coisas funcionam da maneira de Deus. É mais fácil tachar as coisas do que entendê-las e levá-las ao trono de Deus em louvor e gratidão por aquilo que Ele nos proporciona experimentar na vida. É mais fácil negar do que assumir o compromisso de encontrar uma resposta sábia e verdadeira às perguntas tanto simples quanto profundas do ser humano.

Por isso Deus nos convida a entender a sua criação como presente d’Ele para nós e não de demônios e monstros infernais que não sabem fazer absolutamente nada a não ser atormentar, mentir, roubar e matar as vidas e sonhos das pessoas.
Através do velhinho do Pólo Norte, aprendemos que a fé sem obras é morta e que é sempre bom presentear alguém, mesmo que não tenha sido uma boa criança. Escrever cartinhas a Noel nada mais é do que exercitar a criança a sonhar com seus presentes e objetivos mais íntimos. Outro dia, li uma carta que pedia um pão com manteiga; outra pedia uma maçã do amor; outra pedia um carrinho; outra pedia paz na Terra; e por aí vai. Tem até carta fazendo pedidos para outras pessoas!

Nada substitui a oração; nada substitui esse incrível momento onde a criação entra em intimidade com seu Criador; nada substitui o lugar de Deus na nossa vida e existência. E posso dizer com todo segurança que a criança entende bem isso!

Quando a gente cresce e vira aqueles adultos chatos e feios de espírito tudo isso que estou escrevendo é “coisa de criança”. Como é bom ser tachado assim por esses indivíduos, porque é desse jeito que Cristo quer que entremos no reino dos Céus; sendo como criança.

Há adultos que precisam de lisonjeios, elogios para se sentirem vivos. Crianças não, elas são o que são e ninguém não têm nada a ver com isso, a não ser seus pais. Crianças são simples e muito poderosas em seus sonhos e na sua luta por realizá-los. Por isso que não há dificuldade em acreditar em Papai Noel e em escrever-lhe cartas contando desejos, sonhos e presentes de Natal.
Nosso mundo recheado de ódio, transbordando indiferença parece que acaba encontrando seu verdadeiro sentido quando chega perto do Natal. Já houve na história das guerras, batalhas que pararam e inimigos antes mortais, acabaram se confraternizando, trocando cumprimentos, bebendo o vinho da paz, mesmo que fossem apenas por alguns instantes. Familiares que antes não se falavam, acabam descobrindo que faz bem abraçar e trocar palavras de perdão.

Mas dá a impressão que esse espírito tem se acabado, quase que desaparecendo do nosso coração e da nossa mente. A sensação que eu tenho é que não existe mais aquele clima de festa no ar, é como se fosse outro dia qualquer. No comércio nem se fala, é preciso ganhar dinheiro e pagar as contas. As pessoas passam umas pelas outras na correria da calçada e nem se olham para se cumprimentarem e desejarem um “Feliz Natal”. Não, não há mais isso!

As famílias, essas sofrem. Nunca houve tanta gente separada como antes. Parece que aqueles que morreram fazem uma falta além da conta, além da saudade. Pode não acontecer com todas as famílias, mas acontece. E aí me pergunto: Será mesmo que Jesus nasceu na vida dessas pessoas ditas cristãs? Será mesmo que as crianças, filhos e filhas dessas pessoas, acreditarão no Natal como antes deveria? Será que as pessoas estão prontas para viver uma vida além do simples consumismo e egoísmo que está rodeando o Natal nestes últimos anos?

Penso que acreditar no Papai Noel não seja substituir o insubstituível nem colocar a coroa que já pertence ao Rei dos reis em um bom velhinho. Imagino simplesmente Noel de joelhos diante do trono glorioso do Senhor Jesus dizendo: “Eis-me aqui, envia-me a mim”. Uma magnífica demonstração da graça de alguém que de fato existe; nosso eterno Salvador! Ah, você pode argumentar que Papai Noel é também um santo da Igreja Romana. Ótimo, então vou poder vê-lo no céu e é mais uma certeza que ele nada mais era do que um servo de Cristo.

Portanto, acredito em Papai Noel. Meus filhos vão acreditar e meus netos também. Mas eles também saberão que tudo isso não passa de um maravilhoso plano superior planejado pelo Pai nosso que está nos céus.

Um comentário:

Fran disse...

Concordo plenamente, nunca tinha visto o Papai Noel por esse ponto de vista...ameii beijo Cris