quarta-feira, 27 de outubro de 2010

A Voz de Alguém


Dizem que a voz do povo é a voz de Deus. Não sei até onde isso é verdade, até onde Deus pode mesmo usar da voz do povo para falar alguma coisa. Mas o que sei e o que vi nesses poucos anos de vida é que nem sempre Deus está ecoando a voz do povo. Porém me ocorre que numa passagem específica das Escrituras Sagradas fica essa grande pergunta. Que voz condenou a Cristo à cruz? Seria a voz do povo ou a voz de Deus?

Numa eleição onde o universo inteiro estava envolvido, tínhamos de um lado o candidato do mundo; Barrabás, e do outro havia o candidato para o mundo; o próprio Cristo! Um representava a vontade soberana dos homens, o desejo de ser independente, o anseio de se ver livre de qualquer Deus humano. O Outro representava o interesse soberano do único Soberano, a vontade de ver Sua criatura livre do desejo de querer ser Deus, o desejo de libertar de uma vez por todas a Sua obra-prima de qualquer estereótipo pseudo santo ou pseudo religioso. A multidão fez a sua escolha. Mas qual seria a escolha?

Eles deveriam escolher aquele que sairia livre, sem culpa, perdoado de seus crimes. Aquele que ficasse estaria fadado à cruz e ao sofrimento que a crucificação acarretava. Em certo sentido, a multidão foi sim a voz de Deus. Deus escolheu que o homem fosse livre de sua culpa e de seu sofrimento e escolheu sofrer a vergonha do madeiro. A multidão mais uma vez foi um instrumento imperfeito nas mãos do Perfeito!

Há certos movimentos na nossa vida que a gente não entende e quando a gente força para entender parece que o sofrimento é dobrado. Há escolhas que a gente faz que, muitas vezes, não mostram nenhum resultado aparente. O fato de Cristo ter sido escolhido pelo povo não foi porque eles sabiam que a profecia precisava se cumprir e que o Cordeiro de Deus precisava ser sacrificado; eles queriam na verdade romper com esse Cristo atrevido, enxerido que veio da cidadezinha de Nazaré achando que era filho de Deus. As palavras de Jesus incomodavam a religiosidade e os interesses dos líderes. Eles não queriam a salvação; queriam a morte Daquele que prometia vida eterna!

Mas o tiro saiu pela culatra! Mesmo o mundo não querendo a salvação, negando até o último minuto o desejo de liberdade, Deus concedeu salvação de graça com graça. Mal sabia o povo que dizendo: “Crucifica-o” para Pilatos acerca de Jesus, ele estava dizendo sem saber que reconheciam o fato daquele Galileu Nazareno, filho de carpinteiro ser o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. E tirou mesmo!

A história mostra que o pedido de morte partiu da multidão, mas a história também mostra que a infecção da humanidade pela vida partiu do próprio Deus antes mesmo da existência do universo. Se a voz do povo é a voz de Deus eu não sei. Só sei de uma coisa. Quando o povo saiu para crucificar o nosso Rei, quando saiu para zombá-lO e para maltratá-lO, Deus já havia dito que a salvação havia chegado e que era tempo de se alegrar.

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