terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Marcas




Existem frases que marcam a nossa vida por completo. Sabe aquelas frases que sempre quando você ouve sempre lhe faz pensar e viajar no tempo? Pois é, eu tenho várias que gostaria de lembrar aqui.


Na escola, principalmente no colegial, eu tinha um professor que sempre quando a gente bagunçava demais, ele sempre dava um grito característico e depois pedia silêncio. Mas a gente não parava. Daí vem a frase. “Calem a bocam, seus bandos de cafajestes!”. A gente, na maioria dos casos, ria e ficava quieto!


Mais um pouco pra trás no tempo ainda. Como sempre fui muito ativo (leia-se bagunceiro daqueles insuportáveis), fui muito criticado e muito comentado em casa de parentes e principalmente naqueles encontros dominicais onde a família se reúne para o almoço de confraternização familiar. Em um deles particularmente eu ouvi de muitos parentes a seguinte frase: “Você é a ovelha negra da família!”, ou em outras vezes onde a inspiração era mais visível: “Como que seu pai ou sua mãe te agüentam? Eles merecem coisa melhor!”. Eu fiquei quieto até certo ponto onde aceitei de vez o papel de “bandido” na história de casa. Bom, nunca gostei do termo “ovelha negra”. Primeiro, porque o termo em si é extremamente racista. Segundo, que trabalho uma ovelha daria? Ela é, na maioria dos casos, um ser quieto e inofensivo. Vai entender, não é?


Outra ocasião foi quando resolvi ir para o seminário. O saudoso Rev. Euclides Fontes, pastor em Rancharia por 27 anos, disse-me uma frase que me marcou muito. Depois de haver sido aprovado pelo conselho e pelo presbitério para ir ao seminário, fui todo contente informar-lhe sobre o resultado. Para minha grata surpresa, o sábio pastor ao ouvir a notícia colocou a mão em meu ombro, abaixou a cabeça, e me disse com uma voz quase risonha: “Cristiano, é por essas e por outras que eu continuo acreditando em milagres!”. Não podia receber tamanha palavra de ânimo e de incentivo a continuar sendo um milagre de Deus em carne e osso.


Uma em especial não poderia faltar aqui. Passei por um deserto muito grande nos anos de 2004 e 2005. Eu havia saído do seminário, perdido várias coisas que pensei que jamais teria de volta, inclusive o amor próprio. Foi nesse turbilhão de sentimentos que ouvi uma voz calma e quase rouca de tanto chorar dizendo: “Vamos romper essas barreiras juntos!”. Era meu pai novamente. No meio do culto, ele sai de seu lugar diaconal, aquele que fica na entrada da igreja recepcionando as pessoas, enquanto o louvor tocava a música “Rompendo em fé”, ele me abraça e me diz essa frase que peguei e não larguei. Só larguei pra pegar outra coisa; meu diploma no final de 2005.


Outra ocasião muito marcante foi quando pensei em desistir do seminário e acabei mesmo arrumando as malas e voltei para casa. Em um susto imediato, meus pais estranharam a minha volta repentina em um sábado, sem razão nenhuma, e sem motivo aparente. Lembrei-me então do casamento de um amigo de muitos anos e respondi, pensando que iria amenizar a desconfiança paterna e materna, que vim para esse casamento. Como os filhos são bobinhos! Acham que enganam os pais por muito tempo. Bobos somos nós que não aprendemos ainda que pai e mãe têm uma coisinha vinda lá do céu, que não sei nem o nome, que eles acabam descobrindo tudo, até quando vai chover, mesmo fazendo um sol de rachar. Bem, mesmo sendo o bobinho da história achei que estava arrebentando e amenizando a situação. Qual o espanto quando chegamos em casa e a primeira coisa que meus pais perguntaram foi o porque de eu estar ali. Respondi novamente que foi por causa do casamento. Daí, olhei para os olhos deles e não agüentei. Disse tudo o que se passava comigo; tudo mesmo. Eles se assustaram e ficaram um pouco revoltados. Natural! Mas depois me disseram uma frase que eu levo comigo e levarei pra sempre: “Filho, saiba que sendo pastor ou não, você continuará sendo nosso filho!”. Rapaz, pensei melhor e acabei voltando para o seminário. Uns malucos de lá tinham colocado umas idéias sem noção que acabei me afeiçoando por elas e quase fiz uma burrada.


Ah, tem uma aqui que não pode faltar. Quando estava namorando a minha primeira namorada, muita coisa em mim estava mudando. Deixei de ser eu mesmo para agradar a essa menina; e uma dessas coisas é que eu havia me esquecido do meu maior sonho; de ver meus pais junto comigo servindo a esse Maravilhoso Deus. Esse sonho havia se realizado! Mas eu nem dava mais valor a isso. Deixei tudo o que Deus havia me dado, todos os sonhos realizados, todos os desafios ultrapassados, todas as dificuldades vencidas até ali, tudo por causa de um rabo de saia. Uma bela noite, eu estava me aprontando para sair com ela, nem ia mais à igreja, só queria saber daquilo que você sabe o que, meu pai me pega pela mão, leva-me até o sofá e me diz com lágrimas nos olhos olhando dentro do meu olho: “Quero meu filho de volta!”. O que um cara que não tem a quarta série completa, dono de uma padaria, teimoso poderia querer me dar lição de moral, eu pensava. Foi quando a ficha caiu, as lágrimas também brotaram em meus olhos, e eu havia renascido. Ouvi meu pai falar por uma hora e meia, duas horas, mas foi como uma chuva torrencial havia caído sobre mim, lavando tudo o que eu havia criado e mascarado. Esse caso foi marcante!


Tantas frases e tantas reações das mais diversas. Como disse Newton: “Para toda ação há uma reação.”, e foi justamente as reações a essas frases que me fizeram parar e pensar um pouco nas marcas de deixamos nas pessoas ao longo da nossa vida. Cristo nos deixou frases que irão ecoar por muitos anos no nosso coração, e assim espero. Frases que deixarão, e deixam marcas preciosas e necessárias. Marcas que nos farão, e nos faz lembrar que temos um Pai amoroso que sempre nos diz: “Quero meu filho de volta!”. Ainda que, teimosamente, insistamos nas coisas que não acrescentam absolutamente nada na nossa vida, ainda que achemos que a Babilônia tem alguma coisa a nos oferecer, ainda que acreditemos que somos “ovelhas negras” sem solução, ainda que enxerguemos que a nossa vida é assim mesmo, uma monotonia, monocórdia mesmice, sem vida em vida, há ainda um Jesus que gosta de abraçar e nos dizer frases como: “Eu vim para que tenha vida”, “Vós sois meus amigos, se fizeres o que eu vos mando”, “Pai, perdoa-lhes, eles não sabem o que fazem”, “Está consumado”, e a que resume, ao meu ver, todo ser de Deus em Jesus quando Ele diz: “Tampouco eu te condeno, vai e não peques mais”.

Um comentário:

Anônimo disse...

Po véio nem pra falar do célebre pequeno comentário: "Li! Mais de vinte vezes (Afirma o pastor)! (Uma voz na platéia pergunta) A bíblia pastor? (E o indescritível pastor responde) Robinson Crusoé!!!"
Hahahaha!!! Muito bom seu texto véio! Acredite sempre em você não importa o que aconteça ou que lhe digam! Porque no final o que importa é o que você pensa e como age!
Abraço