Talvez você nunca tenha ouvido falar sobre a história sobre esses personagens; Jekyll e Hyde, mas já deve ter ouvido alguma coisa sobre “o médico e o monstro”. Pois é justamente sobre isso que eu gostaria de pensar um pouco.
A história mostra um médico que, após tomar uma poção inventada por ele, transforma-se em um monstro que revela uma personalidade totalmente macabra, violenta e chega a ser até assassina.
Duas personalidades em uma mesma pessoa, duas verdades extremas habitando um mesmo ser, dois seres ocupando o mesmo lugar no espaço. A pergunta que se faz é: o que devemos fazer quando um delas aparece e a gente percebe do que a gente é capaz de fazer?
Todos nós vivemos numa briga interna onde o mais forte sempre vence. E o mais forte é sempre aquele que a gente alimenta mais. Seja um desejo, uma aventura ou até mesmo um lugar que a gente tanto quer ir; não importa, aquilo que a gente alimenta mais se torna nosso aliado ou nosso inimigo.
Tenho um sério problema com isso. Tenho decepcionado pessoas com algumas das minhas escolhas e atitudes. Sabe por que a gente decepciona os outros? É simples. Elas colocam tanta expectativa em nós; e na maioria das vezes são expectativas boas; que a gente não consegue respondê-las de acordo e daí surge a decepção.
Bom, o que quero dizer com tudo isso? É aquele eterno problema do ser humano em descobrir quem realmente ele é e como as pessoas reagirão ao descobrirem isso. Criamos “Hydes” em nossa vida para que, de alguma forma, a gente finja estar vivendo uma vida boa e agradável, quando que na verdade os nossos verdadeiros “Jekylls” estão sofrendo ao verem monstros tomarem conta da vida deles.
O apóstolo Paulo fala sobre esse mal em Romanos quando ele descreve a briga interna dele mesmo ao dizer que o mal que ele não quer fazer, esse ele faz; e o bem que ele quer fazer, esse ele não faz. A briga começou desde quando a gente nasceu e se deu conta de que existe um mundo inteiro pra gente conhecer e viver. Tanta coisa pra gente experimentar e tocar. Tanta gente pra conhecer e se relacionar. Tanta mulher bonita que passa na nossa frente, tanto homem bem de vida que a gente conhece e é capaz de fazer cada besteira pra ser igual, tanta coisa que nem cabe aqui.
Quando a gente mostra os nossos verdadeiros desejos, muita gente se assusta, não é? Imagine, por exemplo, um homosexual descobrindo a sua homosexualidade e aí ter que encarar a uma sociedade machista e totalmente preconceituosa. Como enfrentar tudo isso sozinho? Cria-se um “Hyde”, uma máscara onde se vê tudo, mas ninguém conhece de fato. E se, por exemplo, aparece alguém com problemas seríssimos com drogas ou com o sexo ou até mesmo com os pais dentro da própria casa. São pessoas que crescem criando e alimentando “Hydes” que logo mais à frente acabam tomando conta e destruindo tudo o que eles um dia chamaram de “vida”.
A gente precisa ser quem a gente é de fato e de verdade. Deus nos criou com uma personalidade única, com os defeitos; naturais do pecado, e com as qualidades; naturais de alguém criado à imagem e semelhança do Eterno. Deus quer que sejamos sinceros em nossa briga diária contra essa dualidade de vida. Assim a gente nunca vai ser feliz, a gente nunca vai poder dar risada de coisas bobas e sem noção, a gente nunca vai se sentir livre. Mas a verdade é que a gente quer ser feliz, a gente quer dar risada, a gente quer ser livre. A gente quer ser aquilo que Deus quer que a gente seja, e não ser regido por pessoas que nem a Deus conhece; e não ser guiado por costumes que de Deus não tem nada; e não ser criticado ou impelido por gente que precisa olhar a tora de madeira no próprio olho pra depois querer falar do meu cisco; e não ser dirigido por normas ditas “religiosas” que vivem matando o Cristo ressurreto e que não dão sossego pra ninguém.
O meu desejo é viver uma vida de verdade. É brincar o dia todo, inclusive no serviço. Meu coração pede por uma risada gostosa de alguém, por um abraço sincero, por um aperto de mão que a gente consegue sentir o coração na mão da gente. Eu quero conhecer gente de verdade, sem politicagem ou interesses. Eu quero conhecer os doutores “Jeckylls” que a gente têm matado ou sufocado. Eu convido todo mundo pra viver de verdade uma vida de verdade.
O problema, meu caro (ou minha cara), é que a gente precisa descobrir quem a gente precisa alimentar mais; Jekyll ou Hyde. Você é quem escolhe.